Problemáticas acerca da sexualidade

Há disfunções que prejudicam significativamente a capacidade de responder e de experimentar o prazer sexual como o vaginismo, a ejaculação precoce ou retardada, entre outras. Dificuldades como estas poderão ser consideradas como disfunção desde que não estejam relacionadas a fatores estressores ambientais, histórico de violência, uso de medicamentos ou à falta de informação, por exemplo.

Além dessas conhecidas disfunções, há problemáticas relacionadas à identidade sexual e de gênero quando há uma disforia (descontentamento, angústia) por incongruências entre os marcadores biológicos de uma pessoa e as formas como ela se identifica ou se expressa para a sociedade.

Para compreender essa questão é preciso primeiro entender que se trata muito mais do que uma simples opção ou escolha. A identidade é o resultado de um processo singular de construção durante o desenvolvimento psicossexual, a partir das experiências afetivas que tivemos ao longo da vida. Algumas pessoas desenvolvem sua sexualidade com liberdade, habitando seu corpo sem graves desconfortos. Entretanto, muitas pessoas sofrem com sentimentos de desajuste em relação ao próprio corpo, aos seus parceiros, e se culpabilizam por sentirem que a maneira como percebem e vivem sua sexualidade difere do seu ambiente familiar, do seu grupo de amigos, de colegas de trabalho, ou até mesmo difere de algumas normas que circulam na sociedade. Assim, quando pensamos em “problemáticas da identidade sexual e de gênero”, estamos dizendo sobre a possibilidade de algumas pessoas sofrerem pelo sentimento de que há um desajustamento em relação ao que sentem e são intimamente, ou de terem medo de se expressar e serem mal-vistas ou rejeitadas.

Hoje, a clínica revela que as novas formas de viver a subjetividade e, consequentemente, a sexualidade, não é uma questão restrita apenas aos grupos minoritários (pacientes LGBTQIAP+), mas se relaciona às complexas experiências contemporâneas de viver o corpo e às novas formas de compreender o gênero e suas expressões, em um tempo que tem desafiado a todos para rever antigos conceitos e preconceitos, dando lugar e acolhendo outras formas de ser sem patologizar tudo o que nos parece “estranho” por desconhecimento.